sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Um garcense no futsal russo

Silvio, num dos camarotes do ginásio da cidade de Mytishchi

Temperaturas abaixo de zero: uma das `adversárias´ na adaptação ao novo país

Ladeado por Genário e Paulinho, atletas que defenderam a RCG

Em momento de treinamento da equipe

Sua atual equipe que disputa a ascendente liga de futsal da Rússia
Silvio Antonio C. de Oliveira iniciou a sua carreira no futsal em 2005, com o time sub/20 da RCG. No ano seguinte foi para o principal, onde ficou até a saída do técnico Tuca, com quem foi trabalhar no extinto São Paulo/Marília. Depois ainda esteve em Suzano, ao lado de Fernando Cabral. Silvio recebeu um convite para se transferir para o futsal da Rússia, onde trabalha no Mytishchi. Um novo país, novos costumes, enfim, um novo desafio que está sendo enfrentado pelo garcense, que ao longo dos anos se tornou uma referência na modalidade em sua profissão. Via e-mail, mantivemos contato com Sílvio, com você podendo acompanhar abaixo a entrevista realizada ao longo da semana:

JCG – Como surgiu a oportunidade de você se transferir para o futsal russo?
Sílvio - Na verdade começou a conversa com o próprio Paulinho (ex-atleta da RCG, atualmente no mesmo time do garcense) me falando que a equipe estava procurando um preparador físico brasileiro e veio  perguntar se eu tinha interesse. A resposta foi positiva, sendo que logo depois me ligou o empresário que leva jogadores para o futsal russo. Mas não entramos em um acordo financeiro, ficando praticamente definido que eu não iria. Na última semana antes do inicio do segundo semestre russo, falei com o Paulinho novamente e veio a proposta final e o acerto.

JCG – Sabemos que a Rússia tem grande investimento esportivo, com empresários do ramo do petróleo injetando altos valores em suas equipes. Onde você está também funciona dessa forma, ou seja, o time é de uma pessoa que resolveu investir no futsal?
Silvio – Sim, é verdade. Existem várias equipes com investimento dessa forma que você falou, porém, a minha é mantida pela prefeitura, sendo duas modalidades: futsal e hóquei.

JCG – O que está sendo (ou foi) mais difícil para a sua adaptação? O frio, a alimentação, ou o idioma?
Sílvio - O frio você só sente se realmente estiver na rua, pois a cidade é bem preparada para esse tipo de frio chegando a bater nos 25 graus negativos. A alimentação para mim é normal. Agora o idioma... Minha nossa!!! Uma coisa que eu nunca tinha visto nada igual!!! É muito difícil mesmo e se não fosse o nosso tradutor, estava `ferrado´.

JCG – Você está vislumbrando a possibilidade de continuar na Europa por um bom tempo ou, terminando o vínculo, você retornará?
Sílvio - O meu contrato de inicio é de seis meses, mas depois de conhecer a estrutura do futsal russo pretendo ficar por algumas temporada, lógico, dependendo sempre do trabalho que vou mostrar dentro desse meu contrato inicial.

JCG – Quais as principais diferenças entre o futsal da Rússia e do Brasil?
Sílvio - Achei o jogo muito corrido e muito tático e técnico. Mas eles não vão ter nunca a agilidade e o improviso do jogador brasileiro.

JCG – Qual a repercussão da conquista da Copa do Mundo pela seleção brasileira, após dramática vitória sobre a Espanha? O fato favoreceu a todos os salonistas brasileiros em termos de `portas abertas´ no mercado internacional?
Sílvio - Aqui eles são fãs do futsal espanhol porque eles são muitos táticos. Mas os brasileiros são e sempre serão os `reis do futebol´ e futsal. Somos muito respeitados pelo mundo todo. Acabei de comprovar essa teoria agora na prática.

JCG – A preparação dos times russos é muito diferente do Brasil? As viagens também são muito longas, como a Liga Futsal brasileira?
Sílvio - Muito diferente. Eles gostam muito de corrida longa, então tenho muito dificuldade de colocar o meu trabalho em prática. Mas com paciência e mostrando o caminho correto da preparação física do futsal, vou colocar o trabalho em alto rendimento como sempre consegui colocar nas equipes que trabalhei.

JCG – A Rússia hoje tem um italiano no comando da seleção de futebol (Fábio Capello), é a atual campeã mundial de futebol de areia e tem investido forte no futsal. O futsal realmente vem sofrendo uma franca evolução por aí ou está muito atrás das demais modalidades? O fato de não ser um esporte olímpico tem atrapalhado?
Silvio - O futsal russo é muito forte, tanto em sua liga russa, como também com sua seleção e a evolução do futsal é muita clara, pois a organização de seu campeonato e de suas categorias de base só tem a evoluir.

JCG – Do que você mais sente saudades do Brasil?
Silvio – Sinto muita saudade de minha mãe, Odila, e do meu pai o `Velho´ Odair, o conhecido `Tigrão´. Mas os jogos do Corinthians, a pelada do futebol amador e as festas com amigos que em Garca tenho vários, graças a Deus, além das pescarias que gosto muito, também me traz muita saudade. Ah! Não posso me esquecer de minha esposa Larissa, é claro!!! Abraços a todos os amigos e dia 11 de junho estarei aí para aquele velho papo.  Abraços!!!