sexta-feira, 10 de março de 2017

Recordar é Viver: "Goleiro Chiquinho é homenageado em Bauru"









Por Wanderley `Tico´ Cassolla


Quem não se lembra de Francisco Cefaly Neto, ou simplesmente o goleiro Chiquinho, que marcou época no gol do Garça, nos anos 70, quando o “Azulão” possuía um grande time? Pois bem, no último domingo, Chiquinho foi homenageado em Bauru, sua terra natal, onde igualmente fez história no Noroeste.

Foi lá que iniciou a carreira nas equipes de base, com apenas 17 anos. No ano seguinte foi promovido ao profissional, e a estreia foi uma tremenda “bucha”: no dia 17 de julho de 1.965, o Noroeste enfrentou o poderoso Santos, na Vila Belmiro, que ganhou fácil de goleada por 6 a 2. Só que um lance, marcaria sua carreira. No primeiro tempo, o árbitro marcou um pênalti para o Santos. Quem era o cobrador oficial: simplesmente Pelé. Ao apito do juizão, o maior atleta da história do futebol, se aproximou da bola, deu a famosa paradinha, e tocou forte rasteiro no canto. Como um gato, Chiquinho voou no lado certo, espalmando a bola para escanteio. Um feito inédito conseguido por poucos goleiros.

No ano de 1.966 outra proeza: o Noroeste jogou no Canindé, e ganhou da Portuguesa por 2 a 1. Chiquinho defendeu outro pênalti, desta vez de Ivair, o “Príncipe do Futebol”. Por estas e outras façanhas, o goleiro que completa 70 anos, recebeu a justa homenagem no Estádio “Alfredo de Castilho”, um reconhecimento da coletividade esportiva bauruense. Chiquinho recebeu uma placa, teve novamente a oportunidade de vestir a camisa de goleiro, além de entrar em campo com o Noroeste, que enfrentou o Rio Branco, de Americana, pela série A-3 do futebol paulista (veja foto reproduzida do Jornal da cidade de Bauru). Em síntese a placa diz: “O EC Noroeste, por meio de sua diretoria, homenageia e agradece o nosso grande goleiro Chiquinho, que defendeu o Norusca pela primeira vez no ano de 1964. O camisa 1 fez até gol em sua carreira, um dos primeiros do País, e defendeu até pênalti do Pelé, na Vila Belmiro”.

Pelo Garça, Chiquinho proporcionou um lance raríssimo, ao marcar um gol de goleiro em goleiro. No dia 4/10/1973, o Garça enfrentou o Olímpia, pelo campeonato da então segunda divisão. Do gol da entrada do “Platzeck”, deu um chutão pra frente. A bola atravessou o campo, encobrindo o goleiro Claudinei, que recém contratado junto Flamengo (carioca), fazia sua estreia no Olímpia. Para comemorar ele deu uma volta no campo inteiro. Relatos dão conta que foi 4º gol acontecido no mundo, em se falando de futebol profissional. Veja o Chiquinho, daquele jogo, num flagrante registrado pelo Arte Foto Takiuti.

Um ano antes, no dia 04/12/1972, outra façanha. O Garça jogou em Catanduva e venceu por 3 a 2. Aos 41´ do segundo tempo, o árbitro marcou penalidade para o Catanduvense. O cobrador oficial era o grande amigo de Garça, Osmar Silvestre, que “cara-a-cara” com Chiquinho, resolveu não cobrar, deixando para outro jogador. Chiquinho defendeu de forma milagrosa. Com esta vitória o Garça conquistou o título de campeão da série “Arthur Friedenreich”,da então 2ª Divisão. Um detalhe: Chiquinho nunca jogou com luvas, tudo era na mão, na raça mesmo.

Veja o Garça do ano de 1.972. Em pé da esquerda para direita: Chiquinho, Índio, João Luiz, Britão, Pedroso e Abegar. Agachados: Maurílio, Cláudio Belon, Pulga, Foguinho e Escurinho. Completando os dizeres da placa “Um dia as chuteiras e as luvas são penduradas, mas o legado permanece para sempre”.